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Espécie do mês: Quipá

ESPÉCIE: Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy

FAMÍLIA: Cactaceae

SINÔNIMOS RELEVANTES: Opuntia inamoena K.Schum; Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy subsp. inamoena

NOMES POPULARES: quipá, cumbeba, gogóia, guibá, guipá, palma-de-ovelha, palmatória, palmatória-miúda, iviro.

ORIGEM: Nativa

ENDEMISMO: Endêmica do Brasil

OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Sudeste (Minas Gerais)

DOMÍNIO FITOGEOGRÁFICO: Caatinga

O quipá e uma espécie endêmica da Caatinga, bem adaptada às condições físicas e climáticas do semiárido brasileiro. É uma das espécies de Cactaceae mais comuns do leste do Brasil, sendo um elemento localmente co-dominante da flora da Caatinga. Indivíduos da espécie ocorrem, geralmente, sobre rochas, incluindo afloramentos rochosos (inselbergs), em solo bastante pedregoso ou em afloramentos de arenito. Possui porte subarbustivo, suculento e cresce, preferencialmente, sob luz intensa, mas se adapta à meia sobra.

Seu caule (cladódio) possui coloração verde a levemente acinzentado, sem espinhos. Porém, possui numerosos gloquídeos, que são estruturas pequenas, agudas e translúcidas, que se desprendem do caule com facilidade, causando desconforto e irritação ao entrar em contato com a pele, sendo de difícil remoção. Suas flores são vistosas, com coloração variando de alaranjada a avermelhada. Seus frutos são globosos, esverdeados quando imaturos e amarelo-alaranjados quando maduros. A polinização é realizada por aves (ornitófila) e a dispersão é realizada por lagartos (saurocoria), roedores (diszoocoria) ou aves (ornitocoria).

O quipá é referido na literatura como uma espécie forrageira, medicinal e alimentícia. Na alimentação humana, seus frutos são consumidos in natura, principalmente em períodos de escassez, como complemento da alimentação. Algumas comunidades utilizam os frutos como fonte de renda complementar, na fabricação de doces, sorvetes, geleias, mousses e recheios de caldas. Dentre as características nutricionais dos frutos, destacam-se a presença de minerais, principalmente o cálcio, magnésio e potássio. Cabe mencionar também que em períodos de seca extrema, os frutos servem de alimento para pequenos ruminantes (caprinos e ovinos).

É classificada como Menos preocupante na avaliação de extinção (LC-Least concern) pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e consta no Anexo II na lista do CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção), sendo legalmente protegida pela Convenção (CITES, 2011).

REFERÊNCIAS

DOU (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO) 2017. Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES. Instrução Normativa N° 1, de 9 de março de 2017.

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