Notícias

Espécie do mês: Cravo-do-mato

ESPÉCIE: Tillandsia streptocarpa Baker

FAMÍLIA: Bromeliaceae

FORMAS DE VIDA: Erva

NOMES POPULARES: cravo-do-mato

ORIGEM: Nativa

ENDEMISMO: Não é endêmica Brasil

OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Norte (Amazonas, Pará, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul (Paraná, Rio Grande do Sul)

DOMÍNIOS FITOGEOGRÁFICOS: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa

Tillandsia streptocarpa é uma espécie nativa, mas não é endêmica (exclusiva) do Brasil. É amplamente distribuída na América do Sul, ocorrendo também no Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina. No Brasil, é encontrada nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa, frequentemente presente em afloramentos rochosos, áreas de restinga, campo rupestre, campos rochosos em regeneração, em forófitos (plantas que servem como suporte para a espécie) isolados em meio à pastagem e em beiras de estradas.

É uma erva usualmente rupícola (vive sobre pedras, muros, paredes), mas também cresce como epífita (vive sobre outras plantas). Como apresenta folhas com ápice bastante recurvado, muitas vezes elas se enrolam nas plantas as quais vivem como epífitas. Já como rupícolas, podem ser encontradas soltas sobre rochas, sem fixação das raízes.

Suas folhas são reflexas ou contorcidas, estreito-triangulares, canaliculadas e densamente lepidota (coberta por escamas peltadas com aspecto esbranquiçado, acinzentado ou prateado), ápice aciculado, frequentemente recurvado. Inflorescência com pedúnculo ereto, coberto por brácteas. Suas escamas são capazes de absorver água e nutrientes da atmosfera.

As flores são dísticas, com pétalas lilases ou purpúreas, com lobo expandido e delicado, podem apresentar aroma adocicado. Os frutos são do tipo cápsula septícida, esverdeados quando imaturos e marrons quando maduros. As sementes são fusiformes e plumosas. Devido a sua grande variação morfológica, A literatura aponta que, é difícil separá-la de outras espécies do gênero que coabitam a mesma área, principalmente quando em estado vegetativo (quando há ausência de flores e frutos).

O período de floração e frutificação da espécie é variável conforme local de ocorrência. Os dados presentes na literatura apontam a presença de flores de fevereiro a dezembro, com frutos nos meses de janeiro, julho, agosto, setembro e outubro.

Poucos estudos avaliam a importância econômica de T. streptocarpa, sendo baixa as informações sobre os potenciais de uso para todo o gênero. Para o gênero, algumas espécies apresentam valor ornamental, outras são utilizadas como bioindicadoras da qualidade do ar ou no biomonitoramento atmosférico. No caso de T. streptocarpa podemos destacar seu potencial ornamental e a presença, em suas folhas, de compostos químicos com potencial antimicrobiano, antiedematogênico e citotóxico.

De acordo com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFLORA) a espécie é enquadrada na categoria "Menos Preocupante", por ser amplamente distribuída, ocorrer em outros países da América do Sul e estar protegida pela ocorrência em diversas unidades de conservação (SNUC), dentre elas, a Estação Ecológica de Aiuaba e Flona do Araripe, ambas no Ceará, a Estação Biológica de Canudos (Bahia), RPPN Fazenda Almas (Paraíba), Parque Estadual da Pedra da Boca (Paraíba), REBIO Serra Negra (Pernambuco) e Monumento Natural Grota do Angico (Sergipe).

REFERÊNCIAS

Amado, F.G.M., Andrade, L.R., Farina, M., Malm, O. 2002. Hg localisation in Tillandsia usneoides L. (Bromeliaceae), an atmospheric biomonitor. Atmospheric environment, 36: 881-887.

CNCFlora. Tillandsia streptocarpa in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em: . Acesso em 13 maio 2021.

Coffani-nunes, J., Versieux, L., Wanderley, M.G.L., Pirani, J. 2010. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Bromeliaceae - Tillandsioideae. Boletim de Botânica da Universidade De São Paulo, 28(1): 35-54.

Delaporte, R.H., Sarragiotto, M.H., Takemura, O.S., Sanchez, G.M., Filho, B.P.D., Nakamura, C.V. 2004. Evaluation of the antioedematogenic, free radical scavenging and antimicrobial activities of aerial parts of Tillandsia streptocarpa Baker - Bromeliaceae. J Ethnopharmacology, 95(2-3): 229-233.

Figueiredo, A.M.F., Alcala, A.L., Ticianelli, R.B., Domingos, M., Saiki, M. 2004. The use of Tillandsia usneoides L. as bioindicator of air pollution in São paulo, Brazil. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry 259:59-63

Fiorato, L. 2009. O gênero Tillandsia L. (Bromeliaceae) no Estado da Bahia, Brasil. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente). Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, 107f.

Giehl, E.L.H. (coordenador) 2021. Flora digital do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Disponível em: <https://floradigital.ufsc.br/open_sp.php?img=7833>. Acesso em: 13. mai.2021.

Kremer, D. 2011. O gênero Tillandsia no estado do Paraná, Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, Biologia Evolutiva). Universidade Estadual de Ponta Grossa e Universidade Estadual do Centro-oeste, 165f.

Monteiro, R.F., Forzza, R.C. 2008. A Família Bromeliaceae no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim De Botânica Da Universidade De São Paulo, 26(1): 7-33.

Monteiro, R.F., Forzza, R.C. 2016. Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Bromeliaceae. Rodriguésia, Rio de Janeiro, 67(5): 1253-1265.

Pontes, R.A.S. de, Agra, M.F. 2006. Flora da Paraíba, Brasil: Tillandsia L. (Bromeliaceae). Rodriguésia, Rio de Janeiro, 57(1): 47-61.

Rosa, A.E.M.; Monteiro, R. 2014. Diversidade de Bromeliaceae na APA Santuário Ecológico da Pedra Branca, Caldas, MG. Revista Agrogeoambiental, Edição especial, 2: 55-60.

Tardivo, R.C., Araújo, C.C., Paixão Souza, B. 2020. Tillandsia in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em:

<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB6406>. Acesso em: 13 mai. 2021

Wong, Y.H., Kadir, H.A., Ling, S.K. 2012. Bioassay-Guided Isolation of Cytotoxic Cycloartane Triterpenoid Glycosides from the Traditionally Used Medicinal Plant Leea indica. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicin, 2012: 1-11.